Eu já havia me acostumado a ser a
pobre do ambiente. Eu estudo em um bairro no qual sempre quando chego lá parece
que abriram as portas do mundo de Nárnia para mim. E eu já estava habituada a
ver os preços do shopping ao lado da minha faculdade e pensar que, se tivesse
aquele dinheiro, poderia parar de aproveitar cada promoção da Marisa e parcelar
em 5 vezes sem juros. Aquele shopping no qual tem seguranças até perto de chão
molhado e que distribuem saquinhos para o guarda chuva molhado nos dias em que
São Pedro faz a faxina lá no céu e as nuvens meio que desabam sobre nós.
Porém, essa semana eu conheci um
lugar ainda mais além da minha realidade. Um local no qual entrei e fiquei mais
abismada do que no dia em que descobri que as crianças do Chaves não eram
crianças de verdade (Por causa desse trauma até hoje acho que a Maísa é uma anã
disfarçada!) (Bem que eu achava o Kiko muito alto....)! Eu estava olhando tão
abobalhada para os lados que achavam que eu era atriz de uma novela do SBT.
Fui para o teatro Oi Casa Grande para
ver “Z. É. – Zenas Emprovisadas”, peça que é meu vicio eterno e que ganhará um
post especial só para ela em breve, e passei antes no shopping Leblon, já que
tinha um tempo a gastar. Assim que entrei naquele local senti aquilo que meu
amigo bem definiu como “cheiro de riqueza no ar”! Tudo muito claro, chique e
elegante. Só não me senti mal por estar lá porque estava com uma roupa
bonitinha porque senão o segurança ia me expulsar achando que ia promover um
arrastão ou algo assim..
Vou resumir minha experiência em
três pontos essenciais:
- Primeiramente, o banheiro tem
uma espécie de sala de estar! Sim, se sua amiga está com diarréia, demora horas
para ajeitar a maquiagem ou você vai pro toalete em grupo mais para fofocar do
que para usar o banheiro propriamente dito, tem sofás e até uma mesinha! Nem no
centro social médico do meu bairro tem tanto lugar pra sentar do que naquele
espaço. Isso sem falar nos mais de dez espelhos e naquela máquina que seca suas
mãos ao vento.
- Depois me deparo com a Livraria
Travessa, que tem nada mais e nada menos do que uma sala de estar completa
digna de sala de ricos de novela das sete na sua entrada. E eu não estou
falando de poltrona vagabunda não, mas sim daquelas fofinhas e chiques com
cores combinando e tudo! Estava tão arrumado que dava de dez a zero na
organização das salas do mostruário das Casas Bahia!! E quando eu finalmente
entro na loja, está tendo algum tipo de evento, ou seja, estavam servindo
canapés (Ou algum outro petisco de rico que eu não conheço, já que petisco em
festa de pobre é sempre coxinha mesmo) e champanhe. CARA, TAVA SERVINDO
CHAMPANHE!! CONFESSO QUE FIQUEI UNS DEZ MINUTOS TENTANDO DESCOBRIR QUAL ERA O
LANÇAMENTO SÓ PARA ENTRAR NA FILA COM O LIVRO NA MÃO E CHAMAR O GARÇOM PRA ME
SERVIR (Ps: “Me serve vadia!! Me serveee!”) (Tenho que aproveitar antes que “Salve Jorge” comece pra fazer esse tipo de
piada tosca...)! O máximo que bebi na vida foi pró-seco no open bar do casório
da minha prima!!
- Até que cheguei ao cinema. Ai,
o cinema. Sabe quando você encontra alguém no horizonte distante, seus olhares
se encontram e vocês caminham lentamente em direção um ao outro para se
abraçarem fortemente? Não? Nem eu, vi isso em novelas mexicanas e no clipe do
“Gangnam Style” (Só que depois de se encontrarem no metrô, eles dançam uma
espécie de “Eu me amarrei” e não sou muito team Daniel no The Voice Brasil
então...). Mas enfim, assim que a escada rolante foi subindo vi uma tela
enorme. Logo pensei que era algum restaurante se preparando para exibir o
capítulo final de Avenida Brasil, mas não. Era o cinema! TINHA UMA TELA ENORME
DO LADO DE FORA DO CINEMA!! DO LADO DE FORA! IMAGINA O QUE VAI TER DENTRO DAS
SALAS ENTÃO? Quando cheguei perto, vi que estava passando um trailer de um
filme que estou esperando há quase um ano o que me fez surtar ainda mais.
Quando dei por mim, já estava eu tirando foto da tela com meu celular e já
tinham dois caras me encarando e pensando “ PQP, tinha q ser adolescente
mesmo!” (Ah ta, se eu postar no facebook é coisa de pobre, mas se postar com
filtro do instragram sou chique..preconceito!)
Mas nem tudo é um conto de fadas!
Prova disso é que até nos lugares mais chiques, encontro velhos safados
pedófilos querendo me seduzir com olhares psicopatas (Tenho imã pra esses
caras...que saco!). Além disso, zona sul deve ter um campo de força para
proteger seus locais sagrados de nós pobres meros mortais sem recursos e ativou
seus aparelhos de ar condicionado no nível máximo para atacar minha rinite de
pobre mal acostumada com refrigeração, o que me fez ficar doente por três dias
e sem voz (Detalhe: Não fiquei rouca nem na semana em que fui no Z.É. e no show
do RBD em dias seguidos e olha que eu grito que nem louca, ou seja minha
garganta é potente!). Isso foi um aviso do tipo ”Você não pertence a esse
mundo! Volte pro Norte Shopping que é seu lugar!”
Enfim, agora ficarei sonhando no
dia em que voltarei a passear por aquele local e tentando arrumar uma forma de armar
uma barraca para morar lá sem que ninguém perceba.
Kati Vianna (@Kativianna)
Ps 1: Agora entendi porque os
personagens das novelas do Manoel Carlos são tão felizes!
Ps 2: Não deixe de curtir a
página no face www.facebook.com/olharesdekati
e de acompanhar a trama que criei em www.juntosnapior.tumblr.com !!!
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